Alergia a Medicamentos – IARP

Alergia a Medicamentos

Remédios existem para salvar vidas, mas precisamos ficar atentos. Drogas tão comuns quanto dipirona podem ser muito perigosas para algumas pessoas.

Todo mundo que já passou por atendimento médico deve ter ouvido a pergunta: “É alérgico a algum medicamento?” e quase sempre a resposta é : “Não”. Alergias a medicamentos são raras. Segundo dados da Organização Mundial de Alergias, em menos de 2% dos atendimentos hospitalaresregistram-se casos de alergias a medicamentos, entretanto não devemos deixar de ter este cuidado toda vez que formos estar expostos a um medicamento que não nos é usual.

Como saber se tenho alergia a algum medicamento?

Atualmente não dispomos de mecanismos de predição de hipersensibilidade a medicamentosa priori, então ficamos sabendo que somos alérgicos a algo somente quando somos expostos ou quando, por indicação médica passamos por testes de alergia como os testes cutâneos.

Para medicamentos isso é especialmente delicado porque, diferentemente de alergias decorrentes de fatores ambientais em que podemos nos afastar da fonte do alérgeno, uma vez administrado não há como o medicamento ser retirado do corpo.

Por isso, toda reação inesperada quando tomamos um remédio novo deve ser relatada ao seu médico, por mais estranha que seja. Mas como identificar o que é “estranho”? Bem, aí vão alguns pontos importantes

  1. Reações alérgicas a medicamentos normalmente se desenvolvem depois de 5-7 dias de uso do remédio, mas não é impossível que uma reação tardia possa levar até um mês para aparecer.
  2. Alergias não aparecem na primeira exposição, por isso não estranhe se um remédio que você já tomou antes (uma única vez) te der alguma reação. Além disso, existem medicamentos com nomes diferentes mas com o mesmo princípio ativo, por isso é importante saber o nome da droga do medicamento em questão.
  3. Muitas vezes a diferença entre dois medicamentos é bastante pequena (uma meia dúzia de átomos por molécula), mas essa pequena diferença faz serem drogas distintas, entretanto por causa da grande similaridade, podem acontecer reações alérgicas cruzada, assim, você pode nunca ter tomado penicilina e ser alérgico a ela por já ter tomado cefalosporina.
  4. As alergias a medicamentos podem apresentar reações variadas, indo desde coceira pelo corpo, urticária, angioedema, erupções cutâneas, náusea, vômitos, dificuldade em respirar, taquicardia e até anafilaxia.

Fatores de risco para Alergia a Medicamentos

Atualmente é impossível antecipar se uma pessoa pode ter alergia a um medicamento, mas existem classes de drogas que são mais frequentemente associadas a respostas alérgicas. Antibióticos (Penicilina e Sulfonamidas) e aspirina (ácido acetilsalicílico – AAS) respondem por mais de 80% dos casos de alergias a medicamentos.

O tempo de exposição ao medicamento também é fator de risco para o desenvolvimento de alergia. O uso esporádico porem repetido de uma droga à qual a pessoa é sensível pode agravar uma alergia por um mecanismo de sensibilização.

Idade também pode influenciar na resposta. Crianças e idosos (por motivos diferentes) têm uma menor probabilidade de desenvolvimento de sensibilidade a uma droga. Nas crianças por causa do sistema imune ainda não completamente maduro e nos idosos pela depleção natural da imunidade em decorrência da idade.

Fatores genéticos ainda não são bem conhecidos, mas há pesquisas que apontam para variações genéticas (mutações) que predispõem as pessoas à ocorrência de alergias, no entanto estes estudos ainda são inconclusivos e não podemos fazer testes para o diagnóstico precoce de alergias. Com a evolução da pesquisa e da ciência biomédica poderemos, num futuro não muito distante, poder traçar um perfil de probabilidade de ocorrência de reações alérgicas baseado em análises genéticas.

Medicamentos mais frequentemente associados a Alergias

Em um estudo de revisão de literatura recentemente publicado (ler publicação), as drogas apontadas como mais comumente envolvidas em respostas alérgicas são:

  1. Penicilina
  2. Cefalosporinas
  3. Sulfonamidas
  4. Contrastes radioativos para exames de imagem
  5. Anestésicos locais (novocaína, lidocaína)
  6. Anestésicos gerais (propofol, tiopentona, etomidato)
  7. Ácido acetilsalicílico (AAS)

Qual o tratamento para Alergias a Medicamentos

Como sempre, prevenir é o melhor remédio, assim, precisamos conhecer nossas alergias para evitarmos a exposição, por isso, mesmo que não te perguntem, sempre que você for a um médico ou hospital, avise se tiver alguma alergia conhecida. Atualmente temos alternativas para quase todas as drogas e uma simples troca pode evitar muitos problemas.

Mas, como dissemos, ainda não há como saber se somos alérgicos a algo até que sejamos expostos. Nestes casos o tratamento sintomatológico é fundamental para melhora do estado geral e para evitar complicações mais graves.

A primeira atitude é interromper o tratamento, no entanto isso pode ter outras consequências, então nunca tome essa decisão sozinho. Entre em contato rapidamente com seu médico para expor o ocorrido e será avaliada a melhor droga para substituição. Na maioria das vezes essa atitude resolve o problema e não é necessário fazer mais nada.

Havendo alguma reação persistente, podem ser utilizados anti-histamínicos, por exemplo, para aliviar sintomas cutâneos não complicados. Por vezes é necessário utilizar corticoides para prevenir o agravamento das reações de pele e antibióticos quando há a instalação de lesões cutâneas infeccionadas.

Para os casos mais graves, em que a pessoa desenvolve anafilaxia, o atendimento médico é urgente e pode ser necessário utilizar adrenalina intramuscular além de um tratamento de suporte que deve ser realizado em ambiente hospitalar, então, em caso de anafilaxia não espere. Busque socorro imediato!

Existe cura para Alergias a Medicamentos?

Falar em cura de alergia é algo complicado, entretanto, atualmente existe uma longa lista de drogas para as quais é possível utilizar um protocolo de dessensibilização, o que é especialmente importante quando o paciente tem a necessidade de utilizar um medicamento de forma crônica.

Veja abaixo uma lista (em inglês) retirada do site da Organização Mundial de Alergia (ver a lista) com várias drogas.

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